A revista Veja traz entrevista com um ex-delegado da Polícia Federal, Onézimo de Souza, que acusa de aloprado o jornalista Luiz Lanzetta, dono da empresa de que emprega os assessores da área de comunicação de Dilma e, acusou indiretamente, o ex-prefeito Fernando Pimentel.
O que revista não conta é que Onézimo de Souza foi parceiro de Marcelo Itagiba, nos tempos de arapongagem no Ministério da Saúde de José Serra (PSDB/SP), o que muda completamente o cenário dos fatos.
Quando José Serra (PSDB/SP) era Ministro da Saúde do governo FHC, montou um serviço de inteligência na ANVISA, sob a gerência do então delegado da PF, Marcelo Itagiba (PSDB/SP).
Em meio a denúncias de espionagem contra outros tucanos, foi extinto em 1999 (conforme notíciou o boletim ANVISA nº 4 ).
Em 2001, a revista Carta Capital, publicava:
"...no Ministério da Saúde se teria produzido um conjunto de informações sobre atividades de Paulo Renato. Informações explosivas, pois indicariam uma das trilhas montadas pelo grupo em sua escalada rumo ao poder. Ainda segundo a história do dossiê, este teria sido montado no Ministério da Saúde, mais precisamente na Agência Nacional de Vigilância Sanitária, onde funcionaria um sistema espionagem. ...Eram sete os agentes, incluídos um ex-SNI e SAE [hoje Abin] e um ex-chefe da Inteligência da Polícia Federal no governo Fernando Henrique".
Com o fim desse grupo, Itagiba voltou a Polícia Federal, e esteve na superintência do Rio de Janeiro.
Onézimo de Souza era delegado da Polícia Federal, nesta época. Atuou em parceria com Marcelo Itagiba, nestas operações para o então Ministro da Saúde, José Serra.
Justamente nesta época, é que houve o rumoroso episódio da Operação Lunus, para retirar Roseana Sarney da corrida presidencial, quando havia ultrapassado Serra nas pesquisas, em 2002.
O bom relacionamento entre Onézimo e Itagiba continuou, pois quando Itagiba ocupou a Secretaria de Segurança Pública no Rio de Janeiro, no governo de Rosinha Garotinho, Onézimo era convidado para palestrar na Academia de Polícia do Rio, em 1995:
O jornalista Leando Fortes, da revista Carta Capital, apurou o seguinte nessa coisa de "dossiê", a respeito de Onézimo:
"O mesmo fenômeno envolveu o ex--delegado federal Onézimo de Souza, especialista em contraespionagem que chegou a oferecer serviços ao PT de vigilância e rastreamento de escutas telefônicas. Como cobrou caro demais, acabou descartado, mas foi apontado como futuro integrante da tal equipe de arapongas de Dilma Rousseff."
Logo, Onézimo de Souza, tem todas as características de ter tentado de infiltrar na campanha petista como espião de Serra, ou para tentar oferecer "dossiê" sonhando armar outro flagrante de "de onde veio o dinheiro".
Não deu certo. Como o livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr. existe, e Serra quer neutralizar para desacreditar qualquer denúncia contra ele, como se fosse "dossiê" falso, tudo indica que Onézimo foi convocado pela arapongagem de Serra para um plano "B", nesta semana.
Diz que foi "convidado" a fazer "dossiê", diz que iriam pagar R$ 1,6 milhão (qualquer semelhança com o dossiê Vedoin não é mera coincidência) e diz que recusou.
A história contada pela revista Veja é muito ruim até como roteiro de ficção. Os aloprados tucanos que escreveram esse roteiro na pressa e no desespero, cometeram um ato falho, que denuncia a trama. A certa altura da "entrevista" combinada, Onézimo diz:
"Primeiro, queriam que a gente identificasse a origem de vazamentos que estavam acontecendo dentro do comitê. Havia a suspeita de que um dos coordenadores da campanha estaria sabotando o trabalho da equipe. Depois, queriam investigações sobre o governador José Serra e o deputado Marcelo Itagiba."
Ora, Itagiba não é carta fora do baralho nestas eleições, vai candidatar-se a reeleição de deputado federal no Rio de Janeiro. Ninguém em sã consciência, se interessaria por um "dossiê" contra ele. Quanto Onézimo o cita, comete um ato falho, e aponta a serviço de quem está.
Versão do Estadão cai em contradição com a Revista Veja
O Estadão também vem com a estória do Onézimo, mas quem fez o roteiro de ficção para o Estadão esqueceu de combinar com a Veja, porque cai nas seguintes contradições:
VEJA: Onézimo diz que foi convidado para um encontro com Fernando Pimentel. Chegando lá no restaurante, estava o Luiz Lanzetta, que ele não conhecia, mas que se apresentou como representante do prefeito. Diz que o pagamento seria R$ 160 mil por mês.
ESTADÃO: Diferente da Veja, diz que Luiz Lanzetta marcou um encontro com o sargento Dadá (*) e o Onézimo. A reunião ocorreu no restaurante Fritz, na Asa Sul de Brasília. O Estadão já aumentou: disse que seriam R$ 200 mil por mês.
Há vários outros pontos muito mal esclarecidos e falta de detalhes nas "reporcagens". Mas para quem abdicou de escrúpulos, como a oposição de José Serra, não interessa muito. O caso é igual ao da Lina Vieira. A palavra de um contra a de outro. Inventar pauta negativa na imprensa, e ficar martelando o boato. Quando a verdade aparece tiram de pauta.
(*) Sargento Dadá: Idalberto Matias de Araújo, ex-sargento do serviço secreto da Aeronáutica. Durante a operação Satiagraha, ele indicou pessoas a Protógenes, há vídeos dele conversando com a jornalista Andréa Michael. Ficou nacionalmente conhecido na TV Câmara quando depôs da CPI das escutas telefônicas presidida por Marcelo Itagiba. Também teve um envolvimento polêmico no desdobramento da Operação Diamante da Polícia Federal, em Goiás.