PAULO NOGUEIRA DESVENDA SEGREDOS DE REINALDO
Editor do Diário do Centro do Mundo revelou, nesta segunda, clichês dos polemistas de direita. "Polemistas inescrupulosos, como Reinaldo Azevedo, seguem regras básicas em suas polêmicas, como se estivessem num filme de terror. A primeira delas é: desqualifique seu opositor não no campo das ideias, mas com argumentos como o de que você não o conhece e, assim, ele é ninguém, portanto", afirma; horas depois, Reinaldo seguiu a regra e fez texto exatamente nessa linha sobre artistas que apoiaram ato em defesa de cães; quem são eles?, questionou o blogueiro
21 DE OUTUBRO DE 2013 ÀS 21:23
247 - Paulo Nogueira, editor do Diário do Centro do Mundo, desvendou os segredos dos polemistas de direita, como Reinaldo Azevedo. Acertou no alvo. Confira:
Paulo Nogueira, do Diário do Centro do Mundo
Há uma cena antológica em Pânico, filme de terror de Wes Craven. Um personagem cita as regras básicas para você escapar com vida num filme de terror. “Jamais saia para comprar cerveja” é uma delas.
Regras básicas. Pensei nisso ao deparar hoje com um texto em que Reinaldo Azevedo ataca Marcelo Rubens Paiva. O motivo era frívolo, tanto que nem lembro dele algumas horas depois.
Polemistas inescrupulosos, como Reinaldo Azevedo, seguem regras básicas em suas polêmicas, como se estivessem num filme de terror.
A primeira delas é: desqualifique seu opositor não no campo das ideias, mas com argumentos como o de que você não o conhece e, assim, ele é ninguém, portanto.
Reinaldo Azevedo, por exemplo, fez questão de dizer que não leu nada de Marcelo Rubens, e não sabia se ele tinha ainda um blog ou não.
É o que eu chamaria de “clichê da ignorância”. Rodrigo Constantino é igual. Ficou bravo quando eu escrevi que ele, por ser de direita, apenas reforçava a má imagem da Veja, “o Serra das revistas”.
A resposta dele foi dizer que não sabia quem eu era. Se fosse menos preguiçoso e menos auto-referente, poderia ter perguntado de mim a quem me conhece bem na Veja.
O “clichê da ignorância” foi usado contra mim, algum tempo atrás, também por Diogo Mainardi. Ele era colunista da revista, e eu escrevi que a Veja se mainardizara. O texto foi publicado na Época, quando eu era diretor das revistas da Globo.
Na semana seguinte, Mainardi dedicou uma coluna a mim. Gabava-se de ser colunista da Veja, e dizia desconhecer minha passagem pela Veja e pela Abril.
Mais uma vez, bastaria perguntar a quem me conhece. Mas a preguiça mal-intencionada triunfou, como no caso de Constantino.
Para resumir: trabalhei na Veja nos anos 1980, primeiro como repórter e por último como editor. Depois, fui ser redator-chefe da Exame e mais tarde seu diretor de redação.
Na Abril, a Exame era admirada, e a Veja passava por uma aguda crise criativa e de caráter depois da saída de Guzzo e Elio Gaspari da direção, no final da década de 1980. Roberto Civita decidiu tirar Mario Sergio Conti da Veja, e montou um grupo para escolher o novo diretor: ele e dois grandes jornalistas da casa, Guzzo e Thomas Souto Correa.
Finalmente o grupo optou por mim. Mas, por circunstâncias que não cabe discutir aqui, RC acabou ficando, na última hora, com o então diretor adjunto da Veja Tales Alvarenga. Ouvi em algum momento de Roberto Civita que eu era “jovem demais”, e respondi que com minha idade de então – uns 36 – Alexandre já ganha e perdera o mundo.
Hoje, visto o rumo que as coisas tomaram, entendo que tudo que Roberto Civita não queria na Veja de meados da década de 1990 era um editor como eu.
Outro truque comum entre polemistas marotos é jogar você contra o patrão. Reinaldo Azevedo, quando tomou a defesa de Mainardi contra mim, disse que eu estava favorecendo a Record em prejuízo da Globo. Isso porque – sendo diretor das revistas da Globo — eu tinha posto Edir Macedo na lista dos homens de mídia mais influentes do Brasil.
Outro truque frequente é inflar a si próprio descaradamente. Ao atacar Marcelo Paiva, Azevedo falou de si próprio continuamente, não raro, como Pelé, na terceira pessoa. Disse, orgulhoso, que seu “petralha” está dicionarizado, como se houvesse criado Guerra e Paz ou Irmãos Karamazov. Alegou ter recebido mais de 300 000 visitas num dia da semana passada.
Tenho sérias dúvidas em relação à “grande audiência” de Azevedo. Nunca, repito, nunca vi um texto seu entre os mais lidos do site da Veja. Presumo que as mesmas pessoas entrem o tempo todo em seu blog para dizer coisas incrivelmente rasas e tolas como “Viva meu Rei!” e “Ninguém pode com você!” É o triunfo da estupidez exclamativa e laudatória a seção de comentários de seu blog. A questão é: quantos visitantes únicos visitam mensalmente seu blog? A resposta, presumo, seria desoladora para quem acha que Azevedo é um campeão de audiência.
Se você descontrói as polêmicas dos reacionários, vão sobrar clichês que os tornam extremamente parecidos entre si – a começar pela desonestidade intelectual.
Abaixo, o texto de Reinaldo Azevedo:
Vou escrever aqui o nome de gente de que, com raras exceções, nunca ouvi falar, mas que, consta, é famosa, existe. Uma tal Tatá Werneck escreveu no Facebook: “Instituto Royal esta matando cachorros para testar seus cremes de merda”. A empresa nem mata animais nem testa cosméticos, mas analgésicos e drogas contra o câncer — que, segundo entendo, a dita-cuja jamais usará ainda que precise. Uma certa Sthefany Brito recorreu a um juízo tão especioso quanto a grafia do seu nome: “Como pode, né? Isso não pode nem ser chamado de gente! Isso é monstro sem coração! Quanta covardia!! E pior de tudo… Vão sair impunes!!!”. Ela não se referia aos bandidos que invadiram o laboratório, mas aos donos da empresa e cientistas que lá trabalham com seriedade.
Na lista das celebridades que apoiaram o vandalismo obscurantista estão Mariana Rios (?), Rodrigo Simas (?), Gustavo Leão (?) e Jesus Luz (já ouvi falar; é aquele que Madona pegou). Também se manifestaram a favor Bruno Gagliasso, Giovanna Ewbank (?), Alinne Rosa (?), Leilah Moreno (?), Preta Gil (participa do Medida Certa, do Fantástico; sei quem é) e Marcelo Médici, humorista. Achei esses nomes todos num texto da revista Caras. Fiz a seguinte procura no Google: “celebridades apoio Instituto Royal”. É possível que haja muito mais descolados.
Cada uma dessas pessoas, por coerência, deveria assinar um documento se comprometendo a jamais usar qualquer medicamento que tenha sido testado antes em animais — e isso quer dizer renunciar à alopatia. Talvez à homeopatia também. Funcionando ou não, nem entro no mérito, o fato é que se administram drogas homeopáticas também a bichos. Suponho que se tenha feito algum teste antes, não?
Quando a garganta do galãzinho garnisé Bruno Gagliasso inflamar, formando placas de pus, em vez de tomar uma das eritromicinas da vida, que foram testadas em beagles — a gente sabe que ele é contra e, corajoso que é, não vai aceitar um tratamento covarde —, ele vai procurar manter um diálogo amigável e respeitoso com os estreptococos, que, afinal de contas, também são vida. Bruno talvez tenha aderido a um dos pensamentos delinquentes hoje influentes no mundo, que combate o “especismo”. A diferença entre um estreptococo, um beagle e um Bruno Gagliasso, segundo esse ponto de vista, é mera questão valorativa — e, pois, relativa.
Falar com estreptococo é difícil. É um bicho coletivista, com formação de esquerda e só decide em conjunto — quem manda é a colônia, o coletivo, sabem… Acho difícil que possam ceder. A palavra de ordem dos estreptococos é “Não me representa”. Ou a colônia inteira fica, prospera e mata o hospedeiro, ou há a morte coletiva. Uma gente radical. O estreptococo deveria ser eleito o líder dos novos radicais. Assim, se a negociação falhar, Bruno pode tentar própolis, mel, reza braba, passe espiritual, orações, velas, sei lá… A única coisa que não pode fazer é tomar um antibiótico e endossar os testes em beagles.
O mesmo vale para os outros “artistas”. No país em que uma lei proíbe a publicação de biografias, celebridades usam as redes sociais para, em nome da liberdade de expressão, apoiar o crime. Essa gente toda deve desculpas aos donos e cientistas do Instituto Royal. Numa democracia que se respeita, como a americana, essa gente seria processada e perderia até as calças em razão da calúnia, da injúria, da difamação e do incitamento ao crime. Veriam como é viver num país sem impunidade, em que “estrelas” não têm licença especial para sair acusando as pessoas por aí.
Há algo mais a dizer a respeito. Fica para o post seguinte.
http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/118439/Paulo-Nogueira-desvenda-segredos-de-Reinaldo.htm